Depois de fazer os meus posts sobre a má vizinhança, cheguei à conclusão de que odeio viver num apartamento.
Sou mulher do campo.
Nasci e cresci em vivendas, a acordar com o barulho dos bichos...
Quando me juntei aos 20 anos, fui para a cidade e, por consequência, para um apartamento.
Ora, eu já tenho dificuldade em adormecer. Se acordo, é para esquecer! Então, as primeiras noites foram interessantes...
Nunca tinha vivido em apartamento. Ir á casa de banho era a medo. Acho que, durante semanas, não fiz o famoso "número 2" com receio de que os vizinhos percebessem que estava na casa de banho. Até porque, eu mesma os ouvia ao longo do dia e mais ainda durante a noite. E claro, pensava que, se eu os ouvia, eles também me ouviam a mim.
A adaptação foi horrível.
Ouvia cada mota, cada carro, cada ambulância, cada berro de vizinhos...
Tive vizinhos complicados, vivi numa zona também muito escura e triste.
Nunca me senti "em casa".
Faltava o cheiro a pinheiros.
Faltavam os "bons dias" dos vizinhos do lado.
Até faltava o tal do "hoje passou aqui uma carrinha desconhecida. Vamos estar de olho!" Sim, porque, na aldeia, se virem um carro estranho, metade dos habitantes ficam de olho e seguem um "protocolo".
Faltava o calor humano.
Faltava o verdinho.
Faltava o cheiro a terra molhada.
Faltava o ir levar 2 couves à vizinha do lado e receber uma cestinha de figos.
Faltava o : "A filha da D. Amélia anda a sair com o moço ali da terra do lado. O filho do dono do Restaurante lá ao pé da Igreja..."
Faltava o ver florir das flores em plena Primavera e o primeiro espirro...
Faltava tanta coisa...
Quando nascemos "livres" é tão difícil sentir-nos "enjaulados"...
Separei-me. Voltei para casa dos meus pais.
No meu primeiro dia de regresso, senti a liberdade nos pulmões e na alma.
Senti-me em Paz.
Senti-me em Casa.
Comecei a correr, fui para o ginásio e dizia sempre que aquela era a minha passadeira preferida...as estradas da minha terra!
As paisagens dos locais que conheço desde que nasci, todos os dias são diferentes!
O ano passado fui viver para uma Vila a pouquinhos km's da minha terra.
Não desgosto, claro. Até porque continuo bem perto e é até um dos meus locais preferidos.
Mas, Casa é Casa. Aquela terra é mesmo a minha Casa.
Um dia, espero voltar.
É ali que me sinto em Paz.
Faz-me falta.
Ali no Nada, no meio dos Pinheiros e Eucaliptos, sou Eu.