O João que não conheci
Não conheci o João de quem vos vou falar... Não irei conhecer.
Nem vocês!
O João não vai conhecer mais ninguém.
Tinha 28 anos, acabados de fazer. Não fará os 29. O João não comemorará mais nenhum aniversário. Não irá chegar aos "intas" e brincar com a situação de já ser trintão.
O João não se irá queixar dos seus cabelos grisalhos nem das rugas, porque não lhe permitiram vivenciar isso.
Ele não se irá levantar de manhã e queixar-se de dores nas costas porque trabalhou demais no dia anterior. O João não terá mais nenhum emprego.
O João tinha saido para ir buscar o jantar para ele e para a namorada. Não jantaram nessa noite. Nunca mais irão jantar juntos.
A sua namorada nunca mais ouvirá a voz da pessoa com quem escolheu viver a sua vida. Irá acordar, olhar para o lado e verá uma parte da cama vazia... a parte que pertencia ao João!
A namorada do João não irá ligar-lhe e reclamar que está tarde, porque sabe a razão pela qual ele não volta.
Um ser, alcoolizado e com droga no seu carro, estava a fugir - a alta velocidade- da GNR e matou o João!
Quem matou o João, ainda bateu na GNR. Foi preso.
Foi solto pouco depois.
É esta a (in)Justiça que temos no nosso país.
Não consigo olhar para os casos que conheço e ver Justiça feita. Neste caso, não conhecia o João, mas conheço de perto alguns casos em que prenderam quem se defendeu (sem matar sequer, apenas ferindo) e mantêm soltos assassinos, pedófilos, violadores... e é tão triste!
O João teve azar? Não. O João estava a fazer o que é seu, de direito... viver!
Pelo João. Pelo Pedro. Pelo Rubén. Pelo Eduardo. Pelo Cristiano. Pela Sara. Pela Maria. Pela Virginia. Pelo Bruno. Pela Tânia. Pelo Ivo. Pelo Rodolfo. Pelo Diogo. Por tantos outros...