Carta aos meus
Avós, Padrinho...
Eu estou bem. Na medida do possível, segui a minha vida sem a vossa presença física. Estou bem. Ou pelo menos tento estar. Todos os dias me fazem falta. Mesmo que nem falasse com vocês todos os dias - ás vezes nem todas as semanas. Embora a simples ideia de saber que estavam ali era reconfortante.
A avó não iria achar muita piada a algumas transformações que tive na vida, provavelmente tinha levado as mãos à cabeça algumas vezes. Além de fumar, pintei o cabelo de vermelho (sim, aquela fase das mulheres do "red hair"), emagreci bastante (já imaginei o filme que faria e as lágrimas que viriam daí), fiz tatuagens (Ai, isto dava-lhe uma coisinha má!) e estou a trabalhar num café desde que me separei (Pois...). Mas sei que ias ficar contente de saber que arregacei as mangas e lutei sempre por mim! Que tive garra e levantei-me.
Em relação ao avô e ao padrinho, sei que ficariam contentes por saberem que - pelo menos- me mantenho fiel ao nosso clube. E meus Capelas, o nosso Benfica tem-se safado bem! E quando comemoro, recordo-me SEMPRE (e primeiramente) de vocês. Eu sempre disse que um dia queria juntar os meus Homens e levá-los à Luz. Nunca imaginei foi que o tempo fosse tão curto e que vocês tivessem um lugar privilegiado para ver os jogos. Aposto que o avô já conheceu o Pantera! Aquele Homem tinha capacidade de ser interessante mesmo até quando era repetitivo. E tenho a certeza de que o Padrinho sorriu, de bochechas vermelhas, e mandou uma das suas piadolas para o ar. A avó abanou a cabeça e chamou-vos tontos. E algum de vocês lhe mandou uma palmadinha que lhe acertou mesmo num sitio que lhe doía. Sim, que vocês, na vossa inocência em jeito de brincadeira, conseguiam SEMPRE adivinhar que local me doia para me darem uma palmadinha. Tenho saudades dessas palmadinhas do grito da Mari Purfica : "A rapariga está aleijada aí!".
Tenho saudades vossas. Recordo-vos tanto.