Eu, Vânia, me confesso...
... Confesso que me estava a tornar numa pessoa fria. A vida assim o fez para que tal me acontecesse. Entre decepções amorosas, a anorexia, o facto de ser gozada na escola, mortes de amigos e familiares, desemprego e a saúde dos meus pais, foi a única coisa que se arranjou... frieza!
Confesso que estava a ficar farta da vida.
Estava farta de mim mesma! Farta de estar comigo todos os minutos... Farta de ajudar os outros e desses depois me deixarem na mão. Farta que se aproveitassem de mim e deu eu deixar... Confesso que pensei que me iria tornar gelo. Tive medo. Nunca me queria tornar numa pessoa fria e sem sentimentos. Não gostava de pessoas assim! Deixei de me rir com as coisas que me deixavam à gargalhada. Deixei de dar abraços (eu que passava a vida a abraçar toda a gente). Deixei de ter vontade de estar com outras pessoas...Deixei de me preocupar com elas. Deixei de ser eu!
Confesso que, por momentos, me tornei numa pessoa de quem não gosto.
Hoje, sei que sou uma pessoa muito dada, como sempre fui, mas sinto dificuldade em aceitar ser assim. E se já não sou o que era, devo-o a algumas pedras que apanhei pelo caminho. Não sou fria. Não o quero ser. Mas um pouco de mim perdeu-se pelo caminho...